Drops Literário #NaÍntegra


Drops significa gotas, goles, porções e partezinhas, partindo dai tive a ideia de postar uma vez por mês um trecho de algum livro que eu tenha lido e gostado bastante ao ponto de querer compartilhar com outras pessoas, de instigar a vontade de outros lerem o livro.
Nada como um pouco de leitura na nossa vida além dos blogs é claro, existe uma frase que diz assim: Tome um porre de livro que a ressaca é de cultura.


O pequeno princípe
Leia no post do mês de janeiro clicando aqui
Com suas palavras simples consegue passar ensinamentos preciosos as crianças e conselhos fortes aos mais velhos, mostrar numa flor simplória sua "singularidade digamos que coletiva" e num mundo cheio de planetas excêntricos, a sua normalidade.
   "Bom dia! - disse ele. – Era um jardim cheio de rosas.
   - Bom dia! - disseram as rosas.
   Ele as contemplou. Eram todas iguais à sua flor.
   - Quem sois? - perguntou ele espantado.  
   - Somos as rosas - responderam elas.
   - Ah! - exclamou o principezinho...
   E ele se sentiu profundamente infeliz. Sua flor lhe havia dito que ela era a única de sua espécie em todo o Universo. E eis que havia cinco mil, iguaizinhas, num só jardim!
    "Ela teria se envergonhado", pensou ele, "se visse isto... Começaria a tossir, simularia morrer, para escapar ao ridículo. E eu seria obrigado a fingir que cuidava dela; porque senão, só para me humilhar, ela seria bem capaz de morrer de verdade..."
    Depois, refletiu ainda: "Eu me julgava rico por ter uma flor única, e possuo apenas uma rosa comum. Uma rosa e três vulcões que não passam do meu joelho, estando um, talvez, extinto para sempre. Isso não faz de mim um príncipe muito poderoso..."
O pequeno príncipe - Antoine Saint-Exupéry


As meninas
Leia no post do mês de fevereiro clicando aqui
 Este livro é cheio de encanto e chatice, ótimo pra quem gosta de literatura inserida nos acontecimentos históricos, a história de As meninas decorre na época da ditadura militar e eu fiquei maravilhada com a forma que ele retrata em meio a perseguições e revolta a existência de jovens amantes, sonhadoras e que vivem felizes com suas minhocações mas sem esquecer do que está acontecendo em volta, um livro realmente encantador.
 "Ela abriu a boca e respirou com cuidado, com medo de receber uma dose maior de ar. Com as ponta do dedo, ao invés de Argélia, escreveu Algéria, pensando em Alger. No vidro esbranquiçado pelo hálito de ambos como se transferisse o "e" para junto do "l", Algéria ficaria sendo Alegria."
As meninas - Lygia Fagundes Telles


A chuva antes de cair
Leia no post do mês de abril clicando aqui
Fantástico, envolvente e traz um raciocínio lógico incrivelmente coerente, a história envolve segredos de família e consegue fechar um ciclo, mostrando que muitas coisas são inevitáveis e que pode-se muito bem encerrar uma história com seu próprio começo. Enfim, não vou falar mais nada, eu quero que vocês leiam e se surpreendam, é fascinante.
    “– Olhe só aquelas nuvens. Se vierem para cá, vai cair uma tempestade. Thea ouviu o comentário, ela sempre foi rápida para notar mudanças de humor – toda vez me surpreendia ao me dar conta da criança sensível que ela era sempre sintonizada nos sentimentos adultos, o que a levou a perguntar:
     – É por isso que você parece triste?
    – Triste? – disse Rebecca, virando-se para mim. – Eu? Não, eu gosto de chuvas de verão, são o meu tipo favorito.
    – O seu tipo preferido de chuva? – disse Thea. – Bem, eu gosto da chuva antes de cair.
    – Mas antes de cair, querida, não é realmente chuva.
    Thea falou: - O que é então? – E eu expliquei que era só umidade, nuvens úmidas.
    – Ela tem que cair, ou então não é chuva. – Era uma bobagem argumentar sobre isso com uma menininha, mas ela não parecia estar tendo dificuldades para entender; pelo contrário.
    – Claro que não existe – ela disse. – É por isso que é o meu tipo favorito. Mesmo as coisas que não são reais podem deixar a gente feliz, não podem? – Então ela correu para a água, sorrindo, deliciada por ver que sua lógica havia conquistado uma tal insolente vitória.”
 A chuva antes de cair - Jonathan Choe


Por que os homens se casam com as mulheres poderosas?
Leia no post do mês de junho clicando aqui
Minha opinião sobre ele é rápida e curta: 70% mentira! De todos os seus passos metade são repetidos, me perdi em contar quantas páginas falavam exatamente a mesma coisa, sei lá, deve ser alguma técnica para você absorver o tema como se diz aqui na Bahia, "por osmose".
Homens gostam de ser colocados para escanteio, uma mulher poderosa é aquela que independente da situação coloca sua opinião a frente de tudo e de todos (para mim isso é egoísmo sem-limite), e no final a autora arremata com uma lista de nada mais do que 75 procedimentos para arrancar uma aliança de 18kl do bolso deles, procedimentos estes que foram distribuídos ao longo dos capítulos, creio que ninguém mais tenha paciência para reler essas diquinhas.
Enfim, sai do livro com mais ócio que antes, mas como eu disse tem alguma técnica japonesa que me fez aprender algumas táticas, só para não dizer que foi leitura em vão. O livro em si não é ruim, mas eu acho que só vendeu por causa do título que atraí milhões de mulheres desesperadas por um matrimônio. Duas observações: o livro não é meu, achei na estante da minha irmã e não colocarei nenhum trecho pois não encontrei algum marcante que ficasse gravado na memória.
Por que os homens se casam com as mulheres poderosas? - Sherry Argov


Ah, se eu pudesse voltar no tempo!
Leia no post do mês de agosto clicando aqui
Um livro de caráter espiritual, não é manual de autoajuda nem influenciador de religião, é apenas a realidade de centenas de pessoas que levaram uma vida a base de drogas e sem-limites.
Este livro é narrado pelo espírito Antônio Carlos e psicografado pela médium Vera Lúcia Marinzeck. Para quem acredita na doutrina espírita, assim como eu, posso descrevê-lo como uma oportunidade que desencarnados tiverem de desabafar sobre o sofrimento causado pelas drogas, por escolher abusar dos limites do próprio corpo. Para os descrentes sugiro que vejam apenas como histórias, exemplos do martírio consequente de escolhas erradas, do labirinto de medo em que muitas pessoas se encontram, assim contadas como em qualquer livro de ficção.
    "Ah, se eu pudesse voltar no tempo! – exclamam muitos. Sempre escutamos isso, principalmente dos que sentem remorso. Querem modificar o passado. Praticamos atos indevidos e quando recebemos as reações destes, que normalmente nos fazem sofrer, arrependemo-nos. E se não queremos praticar de novo, é sinal de que a dor nos ensinou. E sem esse aprendizado, se voltássemos ao passado, agiríamos como?
 Não podemos refazer o que já foi feito, mas podemos recomeçar."
 Ah, se eu pudesse voltar no tempo! – Vera Lúcia Marinzeck


Cinquenta tons de cinza
Leia no post do mês de setembro clicando aqui
Minha primeira afirmativa, este livro não tem nada a ver com os da saga Crepúsculo, um alívio pra mim admito.
Olha, o fato do livro falar sobre sexo não é dos mais chocantes, mas sim o fato de retratar o sexo submisso, com direito a realização de todas as fantasias possíveis e de uma forma "contratual", isso sim choca muito. Achei o diálogos interessantes e instigadores, me lembrou um "responda rápido" rsrs.
Por fim, gostei do livro, mas esta é uma de várias obras muito relativas, vai realmente de gosto. Há quem core só de ler as descrições mais sexuais, há quem se incomode por ler algo tão explícito e quem aprenda lendo. De fato, quem não curte, não leia.
    "Ele estende uma mão com longos dedos para mim, uma vez que eu fico de pé. — Eu sou Christian Grey. Você está bem? Você gostaria de se sentar?
    Tão jovem, e atraente, muito atraente. Ele é alto, vestido em um fino terno cinza, camisa branca e gravata preta, com incontroláveis cabelos cor de cobre e intensos, luminosos olhos cinza claro que me observam astutamente. Leva um momento para eu encontrar minha voz.
    — Hum hum. Perfeitamente — eu murmuro. Se este cara está acima dos trinta então eu sou o tio Macaco.6 Em uma confusão, eu coloco minha mão na dele e nós levamos um choque. Quando nossos dedos se tocam, eu sinto um estimulante e estranho calafrio, correndo através de mim. Eu retiro minha mão apressadamente, envergonhada. Deve ser estática. Eu pisco rapidamente, minhas pálpebras harmonizando minha frequência cardíaca.
    — A Senhorita Kavanagh está indisposta, então ela me enviou. Eu espero que você não se importe, Sr. Grey.
    — E você é? — Sua voz é morna, possivelmente divertida, mas é difícil dizer por sua expressão impassível. Ele parece ligeiramente interessado, mas acima de tudo, educado.
    — Anastásia Steele."
Cinquenta tons de cinza - E. L. James

Dia do Livro
Leia no post do mês de outubro clicando aqui
Busquei de conhecidos, outros blogueiros e amantes da leitura nomes de livros que os marcaram de alguma forma. É uma tarefa difícil para um leitor assíduo, escolher uma entre tantas obras amadas, por isso fui anotando tudo que me viesse de sugestão. Não são livros do tipo "Tem que ler antes de morrer" ou "Vai marcar sua vida", mas são histórias incríveis, de temas variados para idades variadas.
A intenção hoje é demonstrar o quanto nós amamos ler e quem sabe incentivar outras pessoas a mergulhar na magia literária. Vamos conferir a lista que está maravilhosa, onde nenhum enredo deixa a desejar.
Agatha Christie - Um corpo na biblioteca / Machado de Assis - Dom Casmurro / Machado de Assis - Helena /   Jorge Amado - Capitães de Areia /
Chico Buarque - Leite Derramado / Arnaldo Jabor - Eu sei que vou te amar
José Simão - No país da piada pronta / Khaled Hosseini - A cidade do sol /
Kim Carpenter - Para Sempre Will P. Young - A Cabana
Gabriel García Márquez - Cem anos de solidão Suzane Collins - Em Chamas /
Jack Kerouac - On the Road (Pé na estrada) Mia Couto - O último voo do flamingo
Paulo Coelho - O Alquimista Marcus Zusak - A menina que roubava livros 
Especial pelo dia do livro - 29 de outubro 


Poesia-Experiência
Leia no post do mês de novembro clicando aqui 
Encontrei o livro Poesia-Experiência do Mario Faustino na estante da minha irmã, capa manchada, folhas amareladas, cheiro de guardado, um típico livro antigo que tanto me encanta, e ainda fala sobre poesia, foi muito amor a primeira vista. Mas como ele foi parar ali, só Deus sabe! Possui o selo de uma biblioteca de faculdade, outro selo de um "clube do livro"e com certeza muitas histórias sobre por onde andou, ainda por cima é a primeira edição.
Recomendo que pulem a introdução porque é demasiadamente chata e creio eu que não adiciona nenhuma informação de fato a nós, a partir do próximo capítulo começam as delícias, poesias épicas, autores famosos e antigos, só pra constar. É feita uma análise minuciosa de cada verso, é como estar dentro de uma aula de literatura, mas não uma aula chata e sim interessante, pois mata a curiosidade de saber como a poesia foi criada, por que e para quem.
Enfim, eu me deliciei muito com este livro e acredito que quem compartilha do mesmo gosto por obras antigas e únicas vai se apaixonar também.
"– Afinal de que serve a poesia?
– Se me agradasse sofisticar, poderia evitar tua pergunta pelo menos de duas maneiras. Poderia, antes de tudo, alegar que esta teleologia¹ de uma arte é fora de propósito, que arte não tem que ser útil, basta-lhe a beleza para justificar-se. Por outro lado, fingindo não saber a que te referes, poderia responder-te com outra pergunta: que poesia? Aquela que está, ou não está, tanto quanto em outros lugares, no poema? Ou o próprio poema? Ou um grupo de poemas? Ou o conjunto de todos os poemas? Ou a arte, o artesanato, a ciência, a técnica, o labor, a profissão, o rito, a feitiçaria, o sacerdócio, a religião, a mistificação, o dom, a benção, a maldição, a tragédia, a comédia, o fingimento, o amor, a raiva, o nojo, a obrigação, a glória, a vergonha, o capricho, a mania, o passatempo, o jogo, o ócio, a conspiração, a doação...
– Basta!
–... De fazer poesia?
– Tu mesmo já deste a entender saberes a que coisa me refiro. Procura responder-me, ou ajudar-me a encontrar uma resposta
– Pois essa coisa a que te referes, há dias, dependendo do meu humor, quando a considero inútil, e outros há quando a considero onipotente – vendo nela, como os antigos, uma deusa. E tu?"

Poesia - Experiência - Mario Faustino
 

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